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Exposição | Pedro Barateiro | Palmeiras Bravas/The Current Situation

Exposição | Pedro Barateiro | Palmeiras Bravas/The Current Situation
Lisboa, Museu Coleção Berardo | 11 de fevereiro a 24 de maio de 2015
pub: 6 de fevereiro de 2015

O Museu Coleção Berardo apresenta a exposição Palmeiras Bravas/The Current Situation de Pedro Barateiro (n. 1979), curada por Pedro Lapa, diretor artístico do museu, na galeria de exposições temporárias, no piso 0.


A exposição é constituída por trabalhos concebidos especificamente para o efeito e que se articulam entre si através de diversas narrativas para produzirem uma observação inquietante do presente estado da cultura onde vivemos.

Pedro Barateiro, na continuidade de preocupações do seu trabalho, promove uma aproximação do artista ao espectador, na medida em que, num quadro tardo-capitalista, este se resumiu a um consumidor e a sua perceção foi circunscrita ao binómio desejo e expectativa condicionado pelo mercado. É através desta assunção que procede a uma desconstrução das alterações da perceção dos objetos ou imagens que apresenta no espaço expositivo.
 
Esta atenção implica uma deriva que as redes de sentidos desses mesmos objetos e imagens convocam, como se um determinado campo de significação, para se constituir, tivesse de remeter para outro e assim sucessivamente. Daí a hibridez dos elementos que constituem as suas obras. Para se falar nos sorrisos petrificados e o seu sistema de distribuição comercial, que constituem o parque de esculturas da primeira sala desta exposição, se convoca no espaço seguinte as imagens da génese de uma praga de gafanhotos sobrepostas a um padrão, que recusa uma ordem geométrica mas define uma rede, onde o natural e o cultural se imbricam continuamente, daí passamos a um conjunto de fotografias que derivam da expressão «fulfillment center», bem como às letras que formam a palavra «rumor», para irmos parar a uma devastada estufa que ocupa outro espaço e alberga um vídeo, onde uma voz repete a expressão «the current situation» como se de uma alegoria do sul da Europa se tratasse. É esta a tecedura do seu mundo, como o nosso, que há muito viu perdidas as ilusões de uma sistematicidade capaz de arrumar todos estes objetos. A sua estranheza manifesta o cruzamento conflituoso entre poderes, valores e conhecimento.

Palmeiras Bravas/The Current Situation, à semelhança de outros trabalhos de Pedro Barateiro, particularmente dos que apresentou na exposição The Sad Savages, no espaço Parkour em 2012 ou Feitiço/Spell, na Galeria Filomena Soares em 2013, implica uma prática, uma política e um conhecimento específico dos objetos ou das imagens com os quais se entrelaçam as comunidades e os atores, que somos nós, num determinado confinamento histórico. Estes trabalhos e mais especificamente cada imagem, objeto, filme ou escultura ocupam assim uma posição de fronteira e um local de conflito onde a naturalização das tensões e a mitificação das fantasmagorias provocadas pelas diferenças das práticas e sistemas que os articulam se revelam e desconstroem nas diversas narrativas da exposição.


Uma performance, em colaboração com Quinn Latimer, realizada a partir de uma das peças apresentadas, ocorrerá no início de abril, em data a anunciar, e posteriormente terá lugar na REDCAT de Los Angeles. Um livro com ensaios de Pedro Lapa, Margarida Mendes e Sepideh Bazazi, tendo como referência Palmeiras Bravas/The Current Situation, será lançado por ocasião da apresentação desta performance.
 
Um programa reunindo os filmes We Belong to Other People When We're Outside e Feitiço/Spell, realizados por Pedro Barateiro, será apresentado no auditório do museu no dia 14 de fevereiro e repetirá a 14 de março, 18 de abril e 16 de maio, sempre às 16h00.


Pedro Barateiro começou a expor individualmente em 2003. Das mais recentes exposições individuais destacam-se We Belong to Other People When We're Outside, Kettle's Yard, Cambridge, 2013; Hoje estamos de olhos fechados, Kunsthalle Lissabon, Lisboa, 2010; Theatre of Hunters, Kunsthalle de Basel, 2010; Teoria da Fala, Casa de Seralves, Fundação de Serralves, Porto, 2009; e Domingo, no Pavilhão Branco, Museu da Cidade, Lisboa, 2008. Das exposições coletivas destacam-se Há sempre um copo de mar para um homem navegar, 29.ª Bienal de São Paulo, 2010; Revolutions - Forms That Turn, 16.ª Bienal de Sydney; e When things cast no shadow, 5.ª Bienal de Berlim, ambas em 2008.


Legenda da imagem: The Current Situation (Prologue), 2015. Still de vídeo. Cortesia do artista e da Galeria Filomena Soares.

 

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