PHIM - PATRIMÓNIO E HISTÓRIA DA INDÚSTRIA DOS MÁRMORES (DO ALENTEJO): UM PROJETO PLURIDISCIPLINAR ONDE A HISTÓRIA DA ARTE DE DESTACA
26 de abril de 2023 | Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa > sala C135.A e plataforma Zoom | 17h00 [hora de Lisboa - UTC+1]
Conferência de Carlos Filipe (ARTIS - Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa), no âmbito do Programa de divulgação de ciência e de formação de investigadores.
O projeto Património e História da Indústria dos Mármores - PHIM, nascido em Vila Viçosa1, no seio do Anticlinal de Estremoz, foi iniciado em 2012, após os seus autores constatarem a inexistência de qualquer estudo desenvolvido pelas Ciências Sociais e Humanas neste âmbito.
Definida uma estratégia inicial e uma metodologia de trabalho, tendo em vista o desenvolvimento estruturado do projeto, este tem vindo a conhecer várias fases e a abranger várias áreas das ciências, num esforço alargado para dar resposta às muitas questões encontradas em aberto e àquelas que, entretanto, têm surgido no decorrer do mesmo.
Lançado em 2012, o PHIM foi impulsionado em 2014 - quando obteve o seu primeiro financiamento, permitindo a restruturação da equipa e a sistematização dos levantamentos de fontes e bibliografia - dando assim solidez à sua primeira fase, que seria concluída em 2015. Nesta fase inicial do projeto, que também serviria para se constatar o seu grande potencial, o período cronológico escolhido para as primeiras investigações foi balizado entre a segunda metade do século XIX, com o início da Regeneração, e o ano de 1986, data da entrada de Portugal na CEE. Como enfoque temático foram escolhidas as áreas da história, da arqueologia industrial e da história oral. Iniciaram-se então um conjunto de pesquisas em arquivos nacionais, públicos e privados, em paralelo com o trabalho de campo, com o levantamento e mapeamento da indústria exploradora, transformadora e artesanal dos mármores nos concelhos de Borba, Estremoz e Vila Viçosa.
A segunda fase do PHIM decorreu entre 2017 e 2019, tendo sido alargados os seus âmbitos de estudo e as respetivas equipas de investigação. Privilegiando a arqueologia clássica, a arqueologia industrial (património industrial), a história da arte, a história da construção, a história das técnicas e tecnologias, a geologia, a cartografia, a georreferenciação e o mapeamento, os levantamentos fotográficos e as humanidades digitais, foram desenvolvidos trabalhos sobre os séculos I a V, correspondentes à ocupação romana, e sobre os períodos Moderno e Contemporâneo, entre os séculos XVI e XX.
A terceira fase do projeto, identificada como PHIM 3.ª Fase, iniciou-se em 2019, pouco meses antes de um acontecimento histórico para humanidade, que condicionaria a vida de pessoas, instituições, atividades e projetos: a pandemia do COVID19. Com a liberdade de circulação suspensa, os arquivos e bibliotecas encerrados, os eventos presenciais cancelados, a coordenação do projeto colocou à discussão de todos os membros da equipa a continuidade ou suspensão das atividades. Existiu, no entanto, uma solidariedade unânime para que se prosseguisse o trabalho ao longo de 2020 e 2021, procurando-se adaptar o trabalho às circunstâncias, aos limites impostos pela pandemia.
Para esta fase que, apesar das contingências, foi plenamente concretizada, foram definidos como objetivos cinco áreas principais: historiografia dos mármores do Anticlinal no Império Romano; Idade Média, entre os séculos XII a XV; historiografia do direito das minas e pedreiras; historiografia económica para período Moderno e Contemporâneo e a sistematização de um conjunto de entrevistas reunidas para a história oral.
No projeto PHIM a história da arte tem, inevitavelmente, vindo a ganhar destaque, enquanto peça basilar, indispensável ao conhecimento do património artístico em que os mármores do Alentejo marcam presença; um património que extravasa em muito a designada "zona dos mármores" e que ao longo dos anos, até ao surgimento deste projeto, se manteve ignorado ou pouco valorizado (pelo menos, na perspetiva dos seus materiais) e que, na atualidade, começa a emergir, revelando as potencialidades do seu estudo.
De facto, na conceção de elementos arquitetónicos, esculturais e decorativos, ao longo dos séculos, em Portugal e no estrangeiro, aquele importante material tem sido aplicado, merecendo lugar de destaque. Enquanto escolha de encomendadores, arquitetos, escultores, canteiros, os mármores do Anticlinal de Estremoz têm, deste modo, vindo a merecer por parte dos investigadores do PHIM um olhar atento, com novas abordagens em que, sob perspetivas histórico-artísticas, este material ganha protagonismo. Um trabalho que, produzindo conhecimento cientificamente fundamentado, tem entre outros resultados, ampliado o conhecimento sobre o património nacional (com potenciais efeitos também na sua conservação e restauro) e proporcionado novos conteúdos para a divulgação do mesmo.
Pretende-se, com esta apresentação, dar a conhecer um estudo que conta com uma larga equipa de investigadores, os resultados alcançados, as atividades e ações de divulgação desenvolvidas, em que se enquadram as investigações no âmbito da história da arte, com resultados surpreendentes sobre o património estudado.
Nota: Link Zoom
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1O PHIM é um projeto desenvolvido pelo Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Patrimónios - CECHAP, associação sem fins lucrativos, sediada em Vila Viçosa, que tem contado com a parceria com diversas instituições universitárias.
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